sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR

PROPOSTA DE REFLEXÃO

DEUS SE MANIFESTA A NÓS E A FÉ NOS CONVIDA A ANUNCIÁ-LO!
Continuamos o ciclo das festas litúrgicas natalinas: já celebramos o Natal, a Sagrada Família, Maria Mãe de Deus e, hoje a Epifania e com a festa do Batismo de Jesus concluiremos este tempo litúrgico. A palavra “epifania” significa manifestação, revelação. A Encarnação – é a mais explicita manifestação divina na qual o Pai se revela, se dá a conhecer, fala a nós, se comunica diretamente com a humanidade, convive com ela, come, bebe, dorme, assume uma família, padece os problemas humanos! A Epifania não é somente a manifestação do Deus Criança ou do “Jesus Bebê”, é na verdade, a totalidade das atitudes e das ações de Jesus Cristo. Em tudo o que fez e propôs revelou a Vontade do Pai. A partir do trecho do Evangelho de hoje proposto por Mateus, a transcendência divina se manifesta na fragilidade de uma pobre criança! Paulo confessa: isso é um “mistério”! (II leitura). Na festa litúrgica de hoje mais do que olhar para o passado, somos chamados a observar o nosso presente e tentar perceber nele as manifestações de Deus em nossa história, em nossa vida pessoal e comunitária (I leitura). Quando reconhecemos sua presença em nossa vida cultivamos o otimismo e alegria, o louvor e a ação de graças. Atitudes que brotam da fé: da certeza da presença de Deus em nossa história de vida.

EVANGELHO: Mt 2, 1-12 – A GRANDEZA DIVINA SE REVELA NA FRAGILIDADE E NA POBREZA.
O evangelista Mateus nos apresenta a grande insegurança (crise) sofrida por Herodes, rei da Judéia. Sentindo-se ameaçado em seu trono (“nasceu o rei dos judeus”), busca junto aos sumos sacerdotes e mestres da lei (cf. Mt 2, 4-5) informações sobre o lugar onde o menino devia nascer. De posse das informações desejadas, tenta, secretamente, fechar uma parceria com os magos (astrólogos e advinhos), mas ao final sai frustrado: estes não lhe dão retorno. O nascimento daquele que se Encarnou – o Filho de Deus – é a mais eloqüente epifania de Deus (manifestação, revelação divina). Como Deus se manifesta? Vejamos a estarrecedora surpresa divina: se faz bebê - pequeno, frágil, dependente, inseguro, ignorante, pobre, carente, ameaçado... Em qual contexto ou ambiente se revela? Na pobreza, na exclusão, na perseguição, na família, na periferia... O texto nos apresenta duas figuras significativas e simbólicas: os magos e Herodes. Os magos: eram pagãos, homens não judeus e representam a humanidade que acorre ao encontro de Deus com sua sensibilidade e mediações naturais: a consciência humana - seguem a “estrela”, símbolo de referência de discernimento, guia - fé. Jesus é o astro-rei da história que guia a humanidade. É a instância objetiva por excelência para os nossos discernimentos. Herodes: é um rei orgulhoso e inseguro que, contraditoriamente teme uma criança! Herodes representa toda e qualquer ideologia totalitária e violenta que assume uma política de governo sem fundamentação ética, sem respeito pela dignidade humana. Psicologicamente sentindo-me ameaçado, sem reta intenção, planeja a morte de um inocente e para ter sucesso nessa tarefa busca envolver parceiros. Também hoje os promotores da maldade fazem o mesmo!

Nossa Vida:
Muitas lições colhemos desse texto, vejamos algumas: a) Abertura à universalidade: Deus não é mesquinho, bairrista, sectário, mas está aberto e disponível a todos. b) A Conversão: o encontro com Jesus provoca discernimento, redimensionamento dos projetos pessoais e comunitários, novas tomadas de decisões, conversão: os magos abandonam Herodes e retornam por outro caminho. Retornar por outro caminho significa rever a própria história. Os magos, de intérpretes dos fenômenos humanos passam ser adoradores do mistério divino. Esse é o efeito da fé na consciência do fiel: não se concentra sobre os problemas humanos, mas contempla o mistério Divino para dele ter respostas que iluminam a realidade humana. c) A Síndrome Herodiana: líderes inseguros, violentos, ostensivos, mal-intencionados, manipuladores geralmente são pessoas com graves “taras” humanas. Herodes é um homem profundamente contraditório: em si carrega o “poder delegado” (representava “César”, o imperador Romano) e, ao mesmo tempo, era uma pessoa psiquicamente tão frágil. A autoridade, seja qual for, que vive nessa esquizofrenia sempre acaba provocando graves problemas, sobretudo perseguindo por ciúme, inveja, insegurança... c) A necessidade da mediação: somos chamados a seguir a nossa “estrela-guia”, Jesus Cristo! Mas essa estrela, que pode também pode simbolizar nossa reta consciência, é uma realidade que serve como mediação, que conduz, orienta, que tem uma função pedagógica, nos conduzindo ao encontro com a Verdade.

MENSAGENS e COMPROMISSOS:
1. Renovar a fé para aguçar a própria sensibilidade, visibilidade, transcendência (abertura, universalidade)
2. Refletir sobre o Deus-Mistério. A vivência da religião deve ser sincera e não tentar “encapsular o mistério”. Ele deve nos move; não somos nós que devemos “guardá-lo” ou “trancá-lo! Manifestar a fé, a espiritualidade, com a própria vida! Ser estrela que orienta!
3. Discernir e acolher os sinais divinos! Zelar pela própria estrela-guia (a fé e a consciência moral) e nunca, quanto possível, deixar-se manipular pelos “herodes” com os convivemos e ou encontramos.

Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira)


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