domingo, 2 de outubro de 2011

Palavras de Nosso Pastor

Irmãos e Irmãs de caminhada

Hoje, dia 20 de setembro, ainda na Alemanha, escrevo este artigo pensando no Mês das Missões. Escrevo ainda impressionado pelo breve comentário da Liturgia das Horas, que trata dos santos mártires da Coréia nos anos 1839 e seguintes. O comentário fala que o Evangelho de Jesus Cristo entrou naquele país da Ásia, no início do século XVII. No entanto, somente no início do século 19 chegaram os primeiros Padres. Com outras palavras: Durante 200 anos as comunidades cristãs da Coréia estavam sem ministros ordenados! – (Algo semelhante se conta dos cristãos de S. Tomé na Índia! Ficaram seculos sem sacerdotes.)

Sem dúvida alguma, o sacerdocio de ministros ordenados (Padres e Bispos) é um dom de Deus à sua Igreja. Sem dúvida alguma, nossa Igreja Católica não se entende bem sem estes ministros ordenados. Jesus chamou a si aqueles que Ele quis e os constituiu Apóstolos (Mt 10,1-15). Ele os preparou e enviou para fazer discípulos todos os povos (Lc 10,1s). Ele mandou que se celebrasse a Ceia fraterna em memória de sua paixão, morte e ressurreição (Jo 13,2-15). A Igreja nasceu do sacrifício de Cristo. Ela vive deste sacrifício unido aos sacrifícios dos cristãos. E, ai da Igreja, quando os cristãos nao querem fazer de sua vida um verdadeiro sacrifício, uma oblação sincera, pessoal, habitual – em prol da própria Igreja e do mundo.

No entanto, podem surgir situações, que carecem de sacerdotes, de padres. Não duvido, que nestas situações, o sacerdócio comum dos fiéis deve se expressar com uma força especial. Sim, nossas comunidades devem continuar sua caminhada de fé mesmo na ausência de Padres. Elas devem se estruturar, organizar as celebrações da Palavra e cuidar da transmissão da fé, promover a caridade para com os necessitados e defender os valores cristãos na vida cultural e política do povo, pois são estes valores cristãos que correspondem mais à dignidade da pessoa humana e carregam o germe de uma sociedade baseada na justiça e na paz.

Sim, o Mês das Missoes contribua para a transformação dos nossos leigos a fim de que eles assumam sempre mais a obra da Evangelização. Seria um desastre e um atestado de fracasso se nossas comunidades parassem simplesmente porque não contamos com sacerdotes, em número e qualidade suficientes, para atendê-las. Nossas comunidades não irão sobreviver se ficarem somente na expectativa de nossos Padres. Elas devem, conscientes, se constituir em comunidades em cujo meio se manifestam o poder e o amor do Senhor Ressuscitado. Nao há padre para celebrar a Eucaristia, no domingo? Que a comunidade se reúna,  preparada e “faminta da Palavra e da comunhão fraterna”, para celebrar a memória de Cristo que deu sua vida por todos nós! Que na comunidade os cristãos aprendam a se perdoar mutuamente, de coração! Que as comunidades apresentem os mais provados e preparados ao Bispo para solicitar a faculdade de batizar e assistir ao sacramento do matrimônio! Que as comunidades – enriquecidas com o dom do discernimento – purifiquem sua cultura religiosa e a promovam! Que as comunidades aprendam a fazer uma política supra-partidária e verdadeiramente comunitária!

E esta visão de uma Igreja capaz de caminhar com vigor mesmo em tempos de carência de sacerdotes deve ser inserida até na catequese. Pois, se for preciso, o Senhor sensibiliza até crianças para sua missão e fala pela boca dos pequeninos. E quantas vezes o Senhor escolheu jovens para executar uma missão nada fácil! Precisamos semear, para poder colher. O descuido com a infância e com a juventude é injustificável. É urgente dedicar mais atenção, amor e recursos à formação das crianças e da juventude. (Aliás, este é um desafio que se coloca, igualmente, à política.)

Convido a todos, homens e mulheres, crianças a adultos, a participar da construção de uma Igreja onde todos assumem seu papel evangelizador, com ou sem presença de sacerdotes. Pois, onde as comunidades forem vivas e atuantes, mais cedo mais tarde, surgirão vocações em número e qualidade. Unido a vocês pela prece e pelo serviço que Deus me confiou, abraço a todos,

                                                              + Francisco Merkel, (Bispo diocesano)


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