Irmãos e Irmãs de
caminhada
“Creio na comunhão dos santos.”
No mês passado
refletimos sobre o mistério da Igreja que participa do mistério de Cristo,
cabeça da Igreja; Igreja que é projeto da Santíssima Trindade. Unida a esta afirmação
segue no CREDO a “comunhão dos santos”. Um
Padre da Igreja observa: “Que é a Igreja se não a assembléia de todos os
santos?” (Catecismo da Igreja Católica nº 946) Certamente ele não quer dizer
que todos os membros desta Igreja são moralmente santos. No entanto somos
chamados a ser santos – como o Pai que está nos céus. Somos santificados,
regenerados pelo batismo para sermos novas criaturas. Fomos ungidos pelo santo
Crisma. Somos alimentados pela santa Eucaristia. Todos os sacramentos visam à
nossa configuração com Cristo. Temos contato com as coisas santas, celebramos
com fé os sacramentos para sermos santos de corpo e alma. Ou numa outra
perspectiva: Deus faz uso da Igreja com seus sacramentos para nos atrair a Ele
e formar um povo que Lhe pertence, ou seja, santo. – Portanto: Comunhão dos
santos significa pertença ao Santo e comunhão nas coisas santas.
Este
artigo do nosso CREDO permite refletir também sobre a comunhão que existe neste
misterioso Corpo de Cristo entre pecadores e santos, ou seja, pessoas que
deixaram se trabalhar bem pela graça e que responderam generosamente a Deus. O
culto aos santos, esta densa e profunda religiosidade popular que permeia toda
a nossa cultura regional e brasileira, expressa de forma evidente a convicção:
Embora sejamos homens e mulheres marcados pelo pecado, infiéis e ingratos,
violentos e invejosos, egoístas e gozadores – podemos advogar nossa comunhão
com os nossos inúmeros santos. De certa forma, nem nossos pecados nos separam
dos irmãos e das irmãs que santos. Nada melhor do que citar o Prefácio dos
Santos II que reza: “Pelo testemunho admirável de vossos Santos e
Santas, revigorais constantemente a vossa Igreja, provando vosso amor para
conosco. Deles recebemos o exemplo, que nos estimula na caridade, e a
intercessão fraterna, que nos ajuda a trabalhar pela realização de vosso
Reino.” O Prefácio I também destaca a “comunhão que nos une, a
intercessão que nos ajuda” Enfim, cremos firmemente, que os Santos e as
Santas que convivem com Deus na eternidade, podem continuar atuando em nosso
favor para que “possamos correr com perseverança no certame que nos é proposto e
receber com eles a coroa imperecível.” (Pref. I)
Infelizmente,
muitas pessoas tratam os Santos como ‘comerciantes’: Pedem favores de todo tipo
e prometem ‘pagar’ com qualquer coisa ou ação piedosa (peregrinação etc.). Os
Santos não são os ‘balconistas’ de Deus. Quando entendemos que nos ‘atenderam’
talvez até fazendo um milagre, foi unicamente para nos incentivar a procurar
mais a Deus ouvindo e seguindo seu Filho de acordo com aquela voz que ressoou
do céu: “Este é meu Filho querido, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-O!”
(Mt 17, 5) Toda a ação de Deus visa à nossa con-figuração (ou con-formação) com
Jesus Cristo. Pois somente com e por Ele temos acesso à Reconciliação e à
plenitude da vida que é comunhão com Deus, com os Irmãos e as Irmãs - para além
da história humana, ou seja, para a eternidade. Venerar os nossos Santos
somente para obter saúde e recursos materiais etc. é desconhecer a razão,
porque Deus os colocou em nosso caminho: Para
nos ajudar a encontrar também nosso caminho para a santidade. Não procurar
a Deus e não encontrá-lo é perder o sentido da vida. O conhecimento da vida e das
lutas dos santos pode ser um forte estímulo para enfrentar os desafios que a vida
nos apresenta.
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