Irmãos e Irmãs de caminhada
“Creio na santa Igreja Católica”
Depois da (sempre superficial)
reflexão sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo vamos ficar atentos àquilo que
diz a frase acima: Creio na santa Igreja Católica. – Hoje em dia, muitas
pessoas, até dentro de nossa Igreja, iriam objetar: A Igreja Católica sofreu (ou
cometeu) ao longo dos séculos tantos escândalos – como falar em ‘santa Igreja’?
Não é possível crer nela. Ela é pecadora em seus membros e até em sua estrutura
é falha e deficiente. Onde está a santidade dela?
O catecismo da Igreja explica assim:
“A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo.” “Ela é comparável à lua, cuja
luz toda é reflexo do sol.” (748) E em relação ao Espírito Santo, “fonte e
doador de toda santidade,” diz o catecismo: “confessamos que foi Ele quem dotou
a Igreja de Santidade.” (749)
Evidentemente, não cremos na Igreja como cremos em Deus, pois a Igreja é apenas uma
‘criatura’, um instrumento de Deus para realizar seu plano de salvação para
todos os povos. Ela prefigura e opera a comunhão com Deus.
Costumamos olhar a Igreja como uma
instituição igual a outras associações de pessoas, com seus interesses e
objetivos, regras e patrimônio. Sem dúvida, a Igreja também é isto, mas ela é
mais, é mistério que oculta o divino. Foi Cristo que a criou. É o Espírito
Santo que habita nela de forma permanente. Assim Jesus afirmou claramente: Os poderes do inferno não a vencerão! (Cf.
Mt 16, 18) O catecismo compara este mistério ao de Cristo, que ao mesmo tempo
tem uma natureza humana e uma divina.
Nas cartas de S. Paulo percebemos
uma compreensão sempre mais profunda em relação à Igreja. Assim ele fala na
carta aos Colossenses (1, 18): “Ele (o
Cristo) é a Cabeça do corpo, da Igreja.” Na carta aos Efésios ele compara a
relação da Igreja com Cristo com à relação entre esposa e esposo. Depois ele
acrescenta: “Cristo amou a Igreja e se
entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra,
para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer
outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível.” (5, 25-27) Em sua
primeira carta a Timóteo (3, 15) ele exorta seu colaborador dizendo: “Quero que saibas como deves portar-te na
casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” Enfim:
“Este mistério é grande!” (Ef 5 32)
Gosto de insistir que não devemos
separar Corpo e Cabeça, Cristo e sua Igreja. (O mistério do cristão: É criatura
com sua ferida profunda, o ‘pecado original’. Mas pela ação da Santíssima
Trindade é filho (a) de Deus, é santo. Isto é pertence a Deus.) A Igreja de
Cristo não se limita à Igreja Católica, mas está realmente presente nela. Podemos
dizer que todas as pessoas que procuram, sinceramente, a Deus, estão destinadas
a fazer parte desta Igreja, deste projeto de Cristo. Embora entremos pelo
batismo na Igreja (povo que Deus convocou para sua própria glória), todas as
pessoas de boa vontade, misteriosamente, já
pertencem ao ‘Corpo de Cristo’. E somente falta de conhecimento profundo
desculpa recusar a Igreja e seus sacramentos. Talvez ajude um texto em João 10,
16: “Tenho ainda outras ovelhas que não
são deste aprisco. Preciso conduzi - las também, e ouvirão a minha voz e haverá
um só rebanho e um só pastor.” Por
sinal, a abertura a todos, seu destino universal, a Igreja mostra na palavra
‘católica’. E quando ‘evangélicos’ perguntam pelo sentido desta, podemos
responder que justamente o Evangelho de Cristo
culmina e termina no apelo aos discípulos a ir a todas as criaturas para
que saibam que Cristo é o Caminho, a
Verdade e a Vida. É esta a missão da Igreja de Cristo.
Dom Francisco Merkel
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