terça-feira, 27 de agosto de 2013

Palavras de nosso Pastor

Irmãos e Irmãs de caminhada

“Creio na santa Igreja Católica”


  Depois da (sempre superficial) reflexão sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo vamos ficar atentos àquilo que diz a frase acima: Creio na santa Igreja Católica. – Hoje em dia, muitas pessoas, até dentro de nossa Igreja, iriam objetar: A Igreja Católica sofreu (ou cometeu) ao longo dos séculos tantos escândalos – como falar em ‘santa Igreja’? Não é possível crer nela. Ela é pecadora em seus membros e até em sua estrutura é falha e deficiente. Onde está a santidade dela?

  O catecismo da Igreja explica assim: “A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo.” “Ela é comparável à lua, cuja luz toda é reflexo do sol.” (748) E em relação ao Espírito Santo, “fonte e doador de toda santidade,” diz o catecismo: “confessamos que foi Ele quem dotou a Igreja de Santidade.” (749)


  Evidentemente, não cremos na Igreja como cremos em Deus, pois a Igreja é apenas uma ‘criatura’, um instrumento de Deus para realizar seu plano de salvação para todos os povos. Ela prefigura e opera a comunhão com Deus.

   Costumamos olhar a Igreja como uma instituição igual a outras associações de pessoas, com seus interesses e objetivos, regras e patrimônio. Sem dúvida, a Igreja também é isto, mas ela é mais, é mistério que oculta o divino. Foi Cristo que a criou. É o Espírito Santo que habita nela de forma permanente. Assim Jesus afirmou claramente: Os poderes do inferno não a vencerão! (Cf. Mt 16, 18) O catecismo compara este mistério ao de Cristo, que ao mesmo tempo tem uma natureza humana e uma divina.

   Nas cartas de S. Paulo percebemos uma compreensão sempre mais profunda em relação à Igreja. Assim ele fala na carta aos Colossenses (1, 18): “Ele (o Cristo) é a Cabeça do corpo, da Igreja.” Na carta aos Efésios ele compara a relação da Igreja com Cristo com à relação entre esposa e esposo. Depois ele acrescenta: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível.” (5, 25-27) Em sua primeira carta a Timóteo (3, 15) ele exorta seu colaborador dizendo: “Quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” Enfim: “Este mistério é grande!” (Ef 5 32)

   Gosto de insistir que não devemos separar Corpo e Cabeça, Cristo e sua Igreja. (O mistério do cristão: É criatura com sua ferida profunda, o ‘pecado original’. Mas pela ação da Santíssima Trindade é filho (a) de Deus, é santo. Isto é pertence a Deus.) A Igreja de Cristo não se limita à Igreja Católica, mas está realmente presente nela. Podemos dizer que todas as pessoas que procuram, sinceramente, a Deus, estão destinadas a fazer parte desta Igreja, deste projeto de Cristo. Embora entremos pelo batismo na Igreja (povo que Deus convocou para sua própria glória), todas as pessoas de boa vontade, misteriosamente, já  pertencem ao ‘Corpo de Cristo’. E somente falta de conhecimento profundo desculpa recusar a Igreja e seus sacramentos. Talvez ajude um texto em João 10, 16: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi - las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.”  Por sinal, a abertura a todos, seu destino universal, a Igreja mostra na palavra ‘católica’. E quando ‘evangélicos’ perguntam pelo sentido desta, podemos responder que justamente o Evangelho de Cristo  culmina e termina no apelo aos discípulos a ir a todas as criaturas para que saibam que Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. É esta a missão da Igreja de Cristo.


Dom Francisco Merkel
           



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