quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PALAVRAS DE NOSSO PASTOR

Irmãos e Irmãs de caminhada

 Gosto de ouvir o hino nacional brasileiro. Às vezes, fico até comovido, ouvindo a firme melodia marcial, meditando o texto que evoca a beleza e grandeza deste país, olhando jovens e velho em posição, serenos e confiantes. Recordo as lutas do ‘povo heróico’ bradando por justiça, liberdade e igualdade. Sei dos sonhos intensos de amor e esperança particularmente dos jovens. Já vi com meus olhos o que é o orgulho desta pátria ‘amada, idolatrada’: Sua natureza gigante, céu profundo e mar, lindos campos e bosques que tem mais vida e, acima de tudo, filhos (e filhas) sem medo de lutar por esta terra adorada!
 
No entanto, sinto um nó na minha garganta: Porque este país, de cuja história faço parte há (quase) 40 anos, não consegue avançar na fraternidade, no combate à corrupção, no cultivo da honestidade e do trabalho, no respeito entre os cidadãos e nos cuidados com a ‘mãe gentil’, a natureza? Porque continuam favelas não urbanizadas e cortiços imundos, exploração de crianças e trabalho escravo, tráfico humano e de drogas? Temos um dos paises mais ricos do planeta – apesar de tanta transferência de riqueza para fora do país!
 “Ò Pátria amada, idolatrada, salve, salve!” – Declaração de amor dos adultos e dos jovens? Farsa orquestrada das várias gerações? Incentivo de uma classe que há tempo, traiu seu juramento com o povo? Hino de um povo que já não é mais dono de suas terras, águas e florestas? O exercito defende o quê? A polícia protege a quem? Os professores formam para quê? A Justiça está a serviço de quem? Muda a composição das Câmaras legislativas – mas o resultado parece sempre o mesmo. Às Prefeituras faltam recursos desde que pisei neste chão. Comércio e indústria não agüentam mais os impostos – mas crescem sempre! Aumentam os grupos religiosos e os moralistas ateus, mas não aumentam nem moral nem bons costumes, nem o brilho nos olhos nem o aperto sincero das mãos. Investe-se na melhoria do interior – mas o êxodo continua. O povo reclama dos seus representantes, mas escolhe sempre os mesmos. E quando tem possibilidade de participar dos conselhos municipais, diz que não adianta e que não tem tempo. 
 
Olho as nossas cidades, ‘terra adorada, entre outras mil’. Quanta desordem, relaxamento, falta de coordenação e diálogo! Não serão conjuntos habitacionais associais pelo seu minúsculo espaço, que resolverão o problema de moradia. - Penso na Semana da Pátria que poderia ser uma semana de renovação sincera do compromisso com a vida do povo, no presente e no futuro. Contudo, primeiramente, o povo deve acordar, levantar o corpanzil, esfregar os olhos, jogar uma água no rosto, refletir – e agir. Ou ainda antes, levantar o olhar para o céu e pedir a Deus que ilumine e sustente uma caminhada e uma luta diferente – para frente.

O mês da Bíblia recomenda para setembro a leitura de Ex. 15, 22 a 18, 27. O tema:”Travessia: Passo a passo, o caminho se faz!” Relendo os textos temos que admirar a paciência e longanimidade de Deus com um povo de ‘cabeça dura’. No entanto, vencendo desanimo e numerosas provações, Israel fez seu caminho pelo deserto e se aproximou da Terra Prometida. - Não será diferente conosco. Teremos que fazer, isto é construir nosso caminho com princípios éticos, em comunhão com pessoas honestas e transparentes, sensíveis à presença de Deus e com claros objetivos. – Que a Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja nos ajudem a tomar consciência do nosso dever para mudar o que for preciso e possível – começando em nossa própria casa.

Dom Francisco Merkel

0 comentários:

Postar um comentário