domingo, 12 de junho de 2011

Pelas Barrancas do Rio Madeira

Impressões de um Missionário
Mais uma vez tive a oportunidade de integrar a turma de Missionários, coordenada pela Ir. Angélica, e visitar as Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) junto ao Rio Madeira. Há dois anos atrás estive em Humaitá e visitei 24 comunidades, onde pude constatar a realidade, visitar os enfermos e celebrar a Santa Missa em cada uma delas. Desta vez não foi muito diferente. Pude visitar apenas 15 comunidades, pois permaneci apenas 10 dias em missão. Mesmo assim, foi uma experiência super válida.
Mais uma vez aprendi mais do que pude ensinar. Aliás, as missões têm muito disso. Quando se vai acredita-se que se pode ensinar um tanto. Na verdade, ensina-se muito pouco e aprende-se muito. Aprendi a confiar na providência. Eles vivem um dia de cada vez. Preocupam-se com o hoje e entendem, que o amanhã a Deus pertence. Normalmente, fazem algum estoque de cereais e farinha, mas geralmente procuram a mistura para o almoço e para o jantar, a cada dia. Trata-se de uma cultura bem diferente da sulina, e bem por isso, requer de nós todo o cuidado para não agredi-los ou escandalizá-los. 
Outro elemento importante foi observar o espírito de partilha muito vivo que reina no coração daquelas comunidades. Claro que o egoísmo permanece presente em todo o ser humano, mas aí nota-se o cuidado de um para com o outro. A solidariedade é uma marca presente nessas comunidades.  Entendo que isso é também o resultado de uma boa formação que recebem os membros dessas comunidades.
 As crianças são numerosas, bonitas e todas bem cuidadas e amadas. Raramente se nota um adulto ralhando com a criança ou gritando com ela. Nota-se também um crescimento em cidadania, isto é, na consciência dos seus direitos e dos seus deveres.  Aos domingos as comunidades se reúnem para celebrar e meditar a Palavra de Deus, graças à orientação passada pela Equipe Missionária. Demonstram um grande apreço pelas irmãs e pela sua equipe missionária que os visitam e os animam a rezar e a caminhar juntos. Falam da pontualidade da Equipe missionária, dos cuidados para com eles e do amor com que desenvolvem os seus trabalhos junto a eles. Nota-se, por outro lado, a necessidade de mais de catequese, mas pouco a pouco a equipe está fazendo a sua parte e motivando os pais e professores para isso. Recordando a primeira visita que fiz em 2009 notei que está aumentando o número de escolas às margens do Madeira. Os professores e as crianças que estudam são mais numerosos e, consequentemente, mais gente está aprendendo a ler e escrever.
Como a vida não é feita só de coisas boas, constatamos os desafios das distâncias, das doenças, dos insetos, das enchentes, da queda dos barrancos do rio, das distâncias, que estão presentes. O povo, porém, com o seu jeito peculiar, os enfrentam. Para isso, contam também com a ajuda dos Missionários, das equipes de saúde e outros órgãos da prefeitura de Humaitá, que se envolvem no cuidado do povo ribeirinho.
Na linha sacramental, pudemos celebrar a Santa missa nas 15 comunidades visitadas e realizamos 36 batizados, graças a Deus.  Pude ouvir os dirigentes das comunidades recomendarem, com insistência, a necessidade de continuar trazendo para a Igreja os filhos batizados, para que possam desabrochar na fé e na vida comunitária. Falando nisso, pude ver  que mais gente está lendo a Bíblia, graças ao incentivo da Equipe Missionária. Dela extraem força e motivação para perseverar na comunidade e crescer no amor e na bondade
Pe. Arlindo Toneta (Camiliano)

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