quarta-feira, 1 de junho de 2011

Palavras de nosso Pastor

Irmãos e Irmãs de caminhada

            Faz poucos dias que alguns alunos me procuraram para uma entrevista. Queriam saber algumas coisas relacionadas à catequese. Entre as perguntas se encontrou uma que me deixou surpreso. Ela dizia - mais ou menos - o seguinte: O Senhor acha que a catequese tem uma influência sobre a vida dos jovens? Soava – para mim – como uma dúvida de que se molha quem fica na chuva. Ou de que sente o efeito na cabeça quem toma álcool. No entanto, os jovens não estavam ironizando, mas apenas expressando uma triste experiência de que – no dia a dia de muitas pessoas - Fé e Vida têm pouco a ver uma coisa com a outra. Daí eles deduziam que a catequese quase não tem influência sobre a vida dos jovens.

            O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz no nº 26: “A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último da sua vida”. Acho uma formulação muito feliz, pois ela expressa que a Fé pode ‘variar’ muito de acordo com a personalidade das pessoas, sua maturidade, a intensidade de seu encontro com Deus. Há quem dá a Deus uma resposta fraca, mesquinha, sem amor... Há quem exclama: “Meu Senhor e meu Deus!”, se ajoelha e se transforma num discípulo missionário fiel até a morte.

            Se a pessoa só é capaz de uma resposta seca: Creio que Deus existe..., podemos dizer que não se trata de Fé. S. Tiago comenta: Até o demônio sabe que Deus existe! A Fé é uma resposta profundamente afirmativa, acolhedora, comprometedora. A pessoa de Fé se abre a Deus, O aceita como a mais importante realidade, começa a ver todas as realidades à ‘luz superabundante’ dela, enxerga um horizonte bem maior do que nosso planeta Terra.

            Esta separação de Fé e Vida, certamente, é um dos maiores problemas para nossa Igreja e para inúmeras comunidades pentecostais. A Fé (verdadeira) ‘transporta montanhas’. Com outras palavras: Quem tem uma Fé amadurecida, de raízes profundas, sem dúvida, muda suas atitudes sociais, sua postura diante do dinheiro e do poder, assume a missão de, preferencialmente, ‘lavar os pés dos pequenos’, ou seja, começa a perceber os pequenos e a se empenhar em prol deles. Se Jesus fala dos mistérios do Reino comparando sua força discreta e irresistível com o fermento – quanto mais se pode dizer isto da Fé em Jesus Cristo. Esta Fé é fermento que penetra toda a ‘massa’ da vida, espírito e raciocínio, coração e afetos, projetos de vida e planos de ação. A Fé acaba se misturando com o Amor, e o Amor se torna outra fonte de conhecimento que alimenta a própria Fé. Fé e Amor se entrelaçam e alimentam mutuamente. E como S. João disse em suas cartas, o Amor a Deus é inseparável do amor aos homens.

            Observo os problemas que, ultimamente, têm atormentado donos de terras no interior de nossa Diocese. Difundiu-se o medo de perder o controle, o título e a própria terra que a família possuía há décadas ou há mais que um século. Ora, a Igreja Católica não tem direito nem competências para ‘legislar’ na situação fundiária e na política ambiental. No entanto, caberá a ela, (povo de Deus orientado e alimentado pelos princípios da Palavra de Deus) empenhar-se na promoção de todos os irmãos - o que nada tem a ver com comunismo, mas tudo com uma solidariedade ampla e concreta. - Se creio em Deus – Pai, aceito os outros como meus irmãos.  

            Recordo meu artigo em março para chamar a atenção dos nossos munícipes para a Campanha da Fraternidade 2011: Fraternidade e a Vida no Planeta. Fui muito claro, para não dizer provocador. Aconteceu uma coisa significativa a partir desta campanha? Oxalá tenham ocorrido muitos pequenos gestos e mudanças nos hábitos dos cidadãos que - pouco a pouco ganham expressão na vida pública e social. Um dos gestos que me chamou atenção foi a generosa coleta do Patronato Maria Auxiliadora. Adolescentes e Jovens conseguiram, pelo seu trabalho, arrecadar R$ 3.250,00. Eles superaram as coletas das paróquias de nossa diocese três e mais vezes!

            Voltando ao assunto inesgotável: Fé e Vida – Como o Amor assim a Fé: Se ela não se expressa em todas as esferas da vida, particular e pública, está morta ou ainda num estágio inicial. Ora, recordemos as palavras sérias do Senhor: Quem crer – será salvo! Ou as palavras de S. João (Cf. 1 Jo 5,5): Quem é que vence o mundo senão aquele que tem Fé? Se a Fé for verdadeira, ela transporá também os inúmeros obstáculos que barram o caminho para uma sociedade mais humana e justa.

Dom Francisco Merkel

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