terça-feira, 19 de abril de 2011

ENCONTRO DE PROFESSORES INDÍGENAS TENHARIM

I Encontro de Professores Tenharim do município de Manicoré -AM, na aldeia Mafuí, da  BR 230 Transamazônica. Também participaram caciques, lideranças e os mais velhos das aldeias Taboca, Campinho, Trakoá, Bela Vista e Karana´í.  A finalidade foi a correção e a conclusão do primeiro material didático bilíngüe Tenharim (Kagwahiwa–Português). O processo da construção dos textos envolveu a participação de todas as comunidades, valorizando assim, a escrita da língua materna.
A presença dos mais velhos, que são considerados como os “historiadores” do povo, foi muito importante. Preocupados com alguns elementos culturais que estão sendo deixados de lado, ensinaram aos participantes a confecção do Panakygwera, do yruwete (paneiros de palha do babaçu), da linha de algodão tradicional e outros.Também contaram histórias e entoaram cantos. Para eles, o professor deve valorizar a cultura, tanto dentro como fora da sala de aula.
Neste encontro houve também um espaço para a discussão sobre políticas públicas, destacando os compromissos dos professores, lideranças e toda a comunidade nestas questões. Enfatizaram que terra, saúde e educação caminham juntas.
Já faz alguns anos que o povo Tenharim vem reivindicando seus direitos na construção de escolas, no transporte escolar, na formação e acompanhamento dos professores indígenas, etc. No município de Manicoré vigora um descaso por parte das autoridades responsáveis. Existe também a omissão por parte do Estado quanto ao acesso do ensino médio na aldeia.
Na avaliação, os professores disseram que estes momentos de reflexão e formação devem acontecer mais vezes, e o que aprenderam, sobretudo dos mais velhos, deve ser repassado para seus filhos. “Porque há tanta beleza que vemos ao nosso redor, e é por isso que queremos preservar a nossa cultura, os nossos costumes, a nossa tradição no futuro, mas também vivê-la no presente, isso faz parte da nossa natureza. Com este encontro e com este material didático que elaboramos, fazemos valer os nossos direitos para que tenhamos uma educação de qualidade.”   Ester Tenharim.
Com este pensamento lembramos também umas palavras do teólogo Pe. Paulo Suess: Deus salva cada povo dentro da história que ele tem, é importante descobrirmos as experiências de Deus dentro do povo. Isso é possível valorizando os anciãos, a memória deles. Evangelizar é reconstruir a memória: com  isso nós celebramos na eucaristia”. Apoio:  Diocese e CIMI-RO,

Osmar Marçoli e Ir. Olga Sánchez
DIOCESE DE HUMAITÁ

0 comentários:

Postar um comentário