A Prelazia foi instalada no dia 05 de novembro de 1961, com sede na cidade de Humaitá, no prédio comprado para esse fim, situado na Av. Gusmão, nº 1, denominado, popularmente, de castelo.
Foi nomeado primeiro prelado Dom José Domitrovitsch, austríaco de nascimento e bispo titular de Podália, que exerceu o mandato apenas por sete meses e vinte dias, tendo a morte o acolhido, inesperadamente, no dia 27.02.1962.
O seu corpo está sepultado no pedestal do altar da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde se lê: Dom José Domitrovitsch, 1º Prelado de Humaitá. Sumetendorf, 14.03.1893. Saudação da família, da Congregação, da família espiritual. R I P.Enquanto não fosse sagrado novo prelado foi designado para administrador apostólico da Prelazia, Dom João Batista Costa, Bispo de Porto Velho.
Logo que chegou a Humaitá, Dom José deu início a um trabalho profícuo em favor das almas que lhe foram confiadas, trabalhando em meio das inúmeras dificuldades com que deparara na nova Prelazia. É sua a expressão: “Sou velho e estou cansado, mas quero entregar o resto da minha vida para o bem desta Prelazia”.Como seminarista dos padres salesianos em Ananindeua- Pará, estive de férias, em sua companhia, no final de 1961, morando no “castelo” e, numa certa ocasião, eu o vi limpando e lubrificando um rifle de caça, quando eu lhe perguntei: Para que o senhor está limpando o rifle, vai caçar? Ele risonho me respondeu: “Vou vendê-lo para ajudar a pagar umas despesas”! Lembro-me ainda, que a notícia da sua morte chegou ao seminário como uma bomba, arrancando lágrimas de alguns colegas e de alguns dos superiores que residiam naquela casa de formação religiosa. Certamente, em Humaitá, a notícia não deixou de causar espanto semelhante e muitas lágrimas também.
Para substituí-lo na árdua e tão sublime missão de evangelização, foi sagrado Bispo-Prelado de Humaitá Dom Miguel D`Aversa, sacerdote salesiano e inspetor da Inspetoria Missionária Salesiana do Norte da Amazônia. Dom Miguel foi sagrado Bispo titular de Macri e prelado de Humaitá no dia 05.08.1962, na Basílica de N. Sra. Auxiliadora de Niterói, pelo Senhor Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi.
DIOCESE DE HUMAITÁ
O
grande trabalho apostólico dos dois bispos prelatícios e de seus auxiliares foi
tão frutífero espiritualmente, que a Santa Sé resolveu elevar à categoria de
Diocese a antiga Prelazia, mantendo a mesma área de
atuação.
Em 1979, sob a administração apostólica de Dom Miguel, a Prelazia foi elevada à Diocese. Dom Miguel passou a ser o primeiro Bispo Diocesano de Humaitá e Manicoré e esteve à frente da mesma até 29.06.1991, quando passou a ser Bispo-Emérito e foi residir na cidade de Manicoré, onde faleceu no dia 12.04.2004. Seu corpo foi trazido para Humaitá e sepultado na entrada da Igreja Matriz de N. Sra. da Conceição, onde repousam outros santos missionários. Portando, o período de atuação de Dom Miguel à frente da Prelazia e da Diocese foi de 15.08.1962 a 29.06.1991.
A semelhança de tantos outros missionários católicos, Dom Miguel foi o grande arauto da semente do evangelho nos rincões humaitaenses. Sua presença amiga, seu sorriso penetrante, suas sábias palavras e sua disponibilidade de bem servir penetraram profundamente nos corações e nas almas dos seus filhos espirituais, produzindo sementes vivificadoras de fé, que ainda hoje germinam por onde ele passou pregando o Santo Evangelho.
No meio da selva, nas margens dos rios, nos seringais, nas vilas e povoados, e enfim, onde quer que residissem os seus filhos espirituais, ele esteve presente, levando a evangelização, dando um conselho amigo, administrando os sacramentos, fazendo o bem. Viajando a pé, de canoa ou no seu pequenino barco, muitas vezes, dormindo mal agasalhado, numa rede atada num casebre ou mesmo no barco, ou deitado sobre o banco duro e improvisado de madeira tosca, a se bater com as carapanãs, mal alimentado e cansado, porém, sempre bem disposto e humorado a sorrir, a pronunciar uma boa palavra e a orientar, a quem lhe procurasse, sem reclamar de nada.
Nas suas visitas missionárias pelo interior do município, ele celebrava casamento, fazia batizado e, tantas e tantas vezes, ele mesmo serviu de padrinho de casamento e/ou de batismo, deixando com isso, muitos afilhados e compadres pelo interior do município.
Conhecia quase todas as pessoas pelo nome e/ou apelido, principalmente as que residiam na cidade de Humaitá. Acompanhava o crescimento físico e intelectual dos jovens humaitaenses, falava-lhes até dos seus namoros, como aconteceu comigo e Noemi quando namorávamos, e depois que já estávamos casados, várias vezes, ele nos pegou pelas mãos e repetiu carinhosamente a expressão: lembro-me de quando vocês namoravam! Era para todos nós um pai e um amigo!
Parece ter envenenado a todos os que conviveram ao seu lado com o seu digno comportamento, quer como sacerdote, quer como pessoa humana, e muito mais, como católico e grande devoro de Maria Santíssima, a Santa Mãe do Filho de Deus. Deixando assim, frutificando em muitos corações, a semente da fé, o amor e o respeito a Deus, ao próximo e a devoção à Santa Mãe de Deus, a respeito de quem ele dizia em suas pregações: é ilusão buscar o filho se não quiser se defrontar com a mãe!
Nestes 50 anos de Prelazia e Diocese estiveram à frente das mesmas, como pastores e guias espirituais, os Bispos: 1961/1962-Dom José Domitrovitsch; 1962/1991-Dom Miguel D`Versa; 1991/1998-Dom José Jovêncio Balestieri; 2000/2011-Dom Meinrad Francisco Merkel.
Porém, o fruto maravilhoso desse trabalho, quer seja da Prelazia, quer seja da Diocese, se deve, é lógico, aos nossos digníssimos Bispos, porém, é importante salientar a colaboração dos padres e das irmãs salesianas de Dom Bosco, que desde 1928 (os padres) e 1942 (as irmãs) estão presentes no nosso meio, forjando e moldando a nossa personalidade e o nosso caráter, principalmente dos nossos jovens: Pe. José Maria Pena, Pe. Peixoto, Pe. Luis Bernardi, Pe. José, Pe. Luis Venson, Pe. Bento, Pe. Ricardo, Pe. Mário, Pe. Carlos; coadjutor Antonio D’Stéfani, coadjutor Marcelino; irmã Clara Jacob, irmã Elza Ramos, irmã Carmen, irmã Odete e tantos outras.
É louvável ainda a colaboração e a participação de tantos outros padres e freiras de congregações diversas: franciscanos, por exemplo; diocesanos: Pe. Epaminondas, Pe. Antonio e outros recém formados, e até mesmo, filhos de pessoas da cidade, hoje presente no nosso meio.
Lembradas, com saudosas recordações, são as irmãs de Santa Marcelina: Giovanna, Maria, Bernarda e outras que deixaram saudade pelos seus trabalhos e pelos seus modos religiosos de viverem.
Graças ao trabalho incansável desses saudosos missionários, a Diocese resplandece gloriosa e triunfante nestes rincões ribeirinhos do Madeira e de seus afluentes, hoje atuando em Humaitá, Manicoré, Estradas BR-230 e BR-319 e por todo o beiradão do Madeira e de seus afluentes, com suas paróquias: Imaculada Conceição, Nossa Senhora das Dores - Manicoré, Nossa senhora Auxiliadora - Uruapiara, Nossa Senhora Auxiliadora – Manicoré, São Francisco, São Domingos Sávio, São Sebastião – Apuí e Santa Luzia.
PARABÉNS, PORTANTO, À DIOCESE DE HUMAITÁ, AOS SEUS OPERÁRIOS, AOS SEUS FILHOS ESPIRITUAIS! QUE DEUS E A VIRGEM DA CONCEIÇÃO IMACULADA ABENÇOEM A TODOS E ACOLHA NO CÉU OS QUE PRA LÁ JÁ FORAM!
Raimundo Neves de
Almeida
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