sábado, 29 de outubro de 2011

Palavra de nosso Pastor

Irmãos e Irmãs de caminhada

            Recebi há pouco, um convite para dar minha contribuição a um livro com o título: “Como ser santo – hoje em dia. As dificuldades, angústias, os caminhos”.

            Pode se escrever uma página ou um volumoso livro sobre este tema – realmente interessante somente para quem se incomoda com o apelo insistente da Sagrada Escritura: Sede santos...! Prefiro escrever apenas uma página, pois acho que não se trata de colocar os fundamentos teológicos. Sabemos que somente Deus é santo e que Ele santifica (= justifica seus filhos e suas filhas), movido por uma imensa misericórdia. A santificação das pessoas se tornou possível graças à ação de Jesus Cristo e do Espírito Santo....

            O tema, de ordem mais prática – espiritual, desafia para refletir sobre a dificuldade de viver a ‘pertença’ a Deus, hoje, lá onde o leitor está. Vamos partir de uma experiência comum (que encontramos descrita em vários livros proféticos): Um homem ama uma mulher,  apaixonadamente. Ela não responde ao amor, mas dá as costas. Para o homem é um amor um trágico que o faz sofrer muito. Se, no entanto, a mulher responder e entre os dois se firmar um amor profundo e estável, este amor será até comentado pela sua beleza. E vamos ainda imaginar que este amor leva a um dos dois a dar um rim para o outro que está em perigo – que amor bonito! - Podemos ainda ir mais longe: No perigo de um dos dois se afogar, o outro dá sua vida para salvar a pessoa amada...

            É nesta dimensão que devemos situar o caminho da santidade: Responder ao amor de Deus, de forma radical e crescente – na fidelidade. Ora, Jesus Cristo esclarece que amar a Deus significa fazer o que Ele diz. E aí nos lembramos do seu preceito: “Este é o meu mandamento que vos ameis uns aos outros!”. O caminho da Santidade é o caminho do Amor!

            Alguém pode objetar que este amor dificilmente se encontra. Contudo, nosso olhar ‘fixo em Jesus’ nos revela um homem que soube amar até as últimas conseqüências. Portanto, a oração – este ‘olhar fixo em Jesus’ - torna-se indispensável para quem quer se enveredar no caminho da santidade. Aliás, na oração acontece ainda mais: O contemplado se transfere para quem O contempla. E aí a pessoa começa a olhar as realidades com o olhar de Jesus. Algo semelhante acontece na Eucaristia: O Homem – Deus se transfere para quem O recebe. E quando Ele toma conta do intimo da pessoa (S. Paulo exclama: “Não mais eu vivo, mas Cristo em mim!”) a pessoa torna-se instrumento do Senhor e faz com certa naturalidade o que Ele faria!  A Santidade ‘re-edita’ a prática de Jesus em nossos tempos e no lugar onde estamos.

            No título se esconde o receio de sofrer por causa de uma opção que nos pode custar caro. Sem dúvida alguma: A opção pelo caminho da santidade implica a disposição para a exclusão, a perseguição, o martírio. Assim foi nos tempos de Jesus, durante a história da Igreja; assim é hoje. Ser santo é ser Testemunha da Verdade. Com esta afirmação, os conflitos com e dentro da sociedade e, às vezes, dentro da própria Igreja estão pré – programados. A hipocrisia marca uma realidade e a outra. - Muitas vezes se experimenta o isolamento e a solidão.  

            Já que os conflitos fazem parte do caminho da santidade, a pessoa em busca da santidade precisa treinar, ou, com outras palavras, fazer ascese, suportar as cruzes, os desconfortos, as contrariedades, a carência de bens e até da saúde.

            E uma última dimensão seja lembrada, a dimensão eclesial. A Igreja faz parte do mistério do Cristo, este a cabeça, aquela o corpo. Quem ama o Cristo, ama sua Igreja. Infelizmente, os homens que mandam na Igreja podem ser cruéis e atentar contra o mistério da própria Igreja. Basta lembrar Santa Joana d’ Arc, jovem de 19 anos que, seguindo a voz interior, foi presa e queimada viva em 1431. (* 06/ 01/ 1412). No entanto, Cristo não se afasta da Igreja, sua “esposa querida”. Nos santos, a Igreja se apresenta da forma mais autêntica ao mundo a cujo serviço ela foi constituída.

Dom Francisco Merkel

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