terça-feira, 19 de outubro de 2010

DOM IRINEU ANDREASSA- Bispo da Diocese de Lages-SC


Caríssimos irmãos e irmãs.


  Diante de acontecimentos recentes envolvendo política e religião no Brasil, assim como diante da propagação de algumas posições equivocadas e isoladas de dentro da Igreja em relação à candidata Dilma Roussef, venho apresentar o posicionamento oficial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Diocese de Lages em relação ao momento político atual.
  A CNBB publicou nota (08/10/2010), parabenizando o povo brasileiro pelo exercício da democracia realizado no último dia 03 de outubro, e também pelos frutos benéficos decorrentes da aprovação da Lei da Ficha Limpa, ao mesmo tempo, lamentando profundamente que o nome da CNBB - e da própria Igreja Católica - tenham sido usados indevidamente ao longo da campanha, transformando-se em objetos de manipulação. Muitos grupos, em nome da fé cristã, criaram dificuldades para o voto livre e consciente. Estes grupos utilizaram, inclusive, o nome da CNBB, induzindo erroneamente os fiéis a acreditarem que ela tivesse imposto veto a candidatos nestas eleições.
  O que ocorre é o uso escuso e manipulado da posição religiosa como escudo para expressar opiniões que em nada tem de religioso e muito menos de cristão. Aliás, as próprias autoridades religiosas de diversas confissões tem se manifestado publicamente para denunciar o uso indevido de questões religiosas no processo eleitoral. A religião só tem a perder se quiser suplantar a laicidade do Estado. É ela que dá base para a tolerância e a convivência entre as diversas confissões religiosas, o que é um grande bem para a democracia.
   Aproveito para reafirmar, ainda, que a CNBB não indica nenhum candidato, e ressalto que a escolha é um ato livre e consciente de cada cidadão. Diante desses equívocos, assim como da boataria da internet, vale frisar que a religião deve ser preservada do processo eleitoral e que não é bom para o processo eleitoral que seja pautado por questões religiosas.
  Os eleitores e eleitoras tem o direito de optar pela candidatura à Presidência da República que sua consciência lhe indicar, como livre escolha, tendo como referencial valores éticos e os princípios da Doutrina Social da Igreja, como promoção e defesa da dignidade da pessoa humana, com a inclusão social de todos os cidadãos e cidadãs, principalmente dos empobrecidos. Sendo assim, conclamo os fiéis católicos a terem presentes em sua escolha, critérios éticos, entre os quais se incluem o respeito à vida, à verdade, à família, à justiça social, à liberdade religiosa e à dignidade humana.
Dom Irineu Andreassa

0 comentários:

Postar um comentário